“Desconstruir o olhar”. A primeira vez que ouvi essa expressão foi em uma aula do meu mestrado em Comunicação e Linguagens. Talvez de tudo que vi, ouvi e aprendi lá, essa foi a idéia que mais presente se fez em mim, que mais se arraigou no meu dia-a-dia. Os meus ex e atuais alunos vão identificar de imediato o que tantas vezes falei e repeti, pedindo, e continuo fazendo, a todos que desejam fazer boas fotos, que além do domínio da técnica, é fundamental desconstruir o olhar. Mas afinal o que é isso? É algo que inclui sim o sentido da visão, mas traz com ele a necessidade de usar os outros quatro sentidos e porque não dizer ousar os sentidos humanos. É sair da rotina, é ver as coisas de um outro lugar, é mudar de ponto, é furar a bolha que criamos em torno de nós mesmos.
Vou sim falar de fotografia, contudo iremos além da fotografia física ou virtual que capturamos com nossas câmeras. Vou falar também das fotografias que registramos no decorrer das horas e dias de nossas vidas. Daquelas que estamos deixando na memória dos nossos objetos tecnológicos e nos álbuns de nossa existência. Aqui vai estar a fotografia que se faz com a escrita da luz e a fotografia que fazemos com a nossa vida.
Venha. Vamos desconstruir o olhar.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Doa-se presentes

Esta é mesmo uma época do ano em que gentilezas e generosidades ficam mais evidentes e suscetíveis a acontecer a qualquer momento. Parece que o clima de oferecer presentes traz a tona um sentimento de presteza maior, de olhares mais condescendentes, de gestos mais suaves e sorrisos mais abertos. Será que tudo isso acontece porque a certeza da reciprocidade é maior ou verdadeiramente o espírito de doação aflora com mais intensidade em virtude da essência do Natal. Como eu gostaria que a segunda alternativa fosse a correta e na batalha entre substantivos femininos, a doação vencesse a reciprocidade.
Imagine uma noite de véspera de Natal em sua casa em que você abrisse mão e fizesse questão de não ganhar nenhum presente e sua única atribuição no momento da entrega de presentes fosse dirigir-se a cada pessoa oferecer seu presente e fotografar a reação de cada um ao abrir o embrulho. Com certeza ao rever essas mesmas fotos, meses ou anos depois, você saberia descrever exatamente a reação de cada um. Sim porque naquele momento você não teve nenhuma preocupação em também abrir seus pacotes e não perdeu o momento mágico do sorriso de contentamento.
Talvez por isso a doação seja tão mais prazerosa que a troca, porque faz parte da sua definição: transmitir gratuitamente; e não: querer, esperar ou intencionar algo em troca. E quero ir além da doação de objetos novos ou usados, da doação de tempo e trabalho em prol de outros. Quero passar pelos pequenos gestos de cumprimentar, ceder a vez, ligar, prestar atenção, ouvir, e afagar. Calar-se ao invés de maldizer quando não se tem nada melhor para falar, ir ao encontro, enviar bons pensamentos e oferecer preces fervorosas. Muito mais do que mudar o seu dia, o seu mundo ou a sua vida, coisas assim tornam o dia, o mundo e a vida do outro um lugar no mínimo mais leve e confortável. E esse é o verdadeiro espírito do presente, d(o)ar e esperar apenas a felicidade do presenteado como “pagamento”.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Visão Detalhada

Em um mundo de grandiosidades e muita exposição, é sempre bom ver detalhes.