“Desconstruir o olhar”. A primeira vez que ouvi essa expressão foi em uma aula do meu mestrado em Comunicação e Linguagens. Talvez de tudo que vi, ouvi e aprendi lá, essa foi a idéia que mais presente se fez em mim, que mais se arraigou no meu dia-a-dia. Os meus ex e atuais alunos vão identificar de imediato o que tantas vezes falei e repeti, pedindo, e continuo fazendo, a todos que desejam fazer boas fotos, que além do domínio da técnica, é fundamental desconstruir o olhar. Mas afinal o que é isso? É algo que inclui sim o sentido da visão, mas traz com ele a necessidade de usar os outros quatro sentidos e porque não dizer ousar os sentidos humanos. É sair da rotina, é ver as coisas de um outro lugar, é mudar de ponto, é furar a bolha que criamos em torno de nós mesmos.
Vou sim falar de fotografia, contudo iremos além da fotografia física ou virtual que capturamos com nossas câmeras. Vou falar também das fotografias que registramos no decorrer das horas e dias de nossas vidas. Daquelas que estamos deixando na memória dos nossos objetos tecnológicos e nos álbuns de nossa existência. Aqui vai estar a fotografia que se faz com a escrita da luz e a fotografia que fazemos com a nossa vida.
Venha. Vamos desconstruir o olhar.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A arrogância do manequim

Quando conhecemos uma pessoa nem sempre vemos o que realmente se apresenta a nossa frente. Muitas vezes ela nos traz sentimentos em que a estampa é bem impressa, em tecido fino, com um corte impecável e acabamento perfeito. Só que a numeração pode não ser adequada ao nosso momento, ou estamos magros demais, exauridos por nossas vontades e carências, ou estamos com sobrepeso de nossa ignorância e arrogância, e a roupagem do outro não nos cai bem. Por melhor que seja a pessoa e suas intenções vamos desperdiçar uma excelente oportunidade de nos ajustarmos e crescermos como seres humanos. Preferimos fazer umas pregas na roupa ou remendarmos a seda com uma malha. Não nos esforçamos para merecermos uma amizade sincera ou um amor profundo, escolhemos a reclusão da aceitação forçada: “sou assim, esse é o meu jeito e quem quiser que me aceite dessa maneira”. E dessa maneira, aquele que nos ofereceu a oportunidade de nos trajarmos finamente, fica cansado de segurar o cabide, de nos oferecer alternativas de cores, desanima de nos encorajar a fazer um regime, enfadonha-se de segurar a porta do provador e por fim afasta-se e leva consigo além da roupa, o convite para a festa de uma vida nova.

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